A conversão sádica do capitão
Quando o filme tropa de elite foi lançado em 2007 eu estava saindo da escola militar e iniciando a carreira como sargento da aeronáutica. Pude ver ao vivo a transformação do filme concebido como crítica, para o seu oposto - um filme que exaltava o sadismo como política de segurança pública. Essa transformação me parece pouco explorada, ambígua, e a sequência me pareceu uma forma de corrigir a trajetória estranha do primeiro, porém, o estrago já estava feito. Todas as cenas de tortura policial eram recebidas com celebração, "vou colocar você no saco" e "não atira na cara para não estragar o velório" se tornaram brincadeiras comuns. O vocabulário militar do zero um, aspira, a pica não é mais minha, entuba, etc. se tornaram expressões populares. A cultura militar atingiu o grande público e isso me parece clarear nossa dificuldade em construir uma cultura menos violenta. O grande público respira violência, e a ingenuidade está do lado da elite intelectual que imagina po