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Mostrando postagens de junho, 2012

Procurando ninguém

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O que eu tô procurando memo? Esta madrugada peguei um livro de minha estante e comecei a folhar procurando uma passagem muito interessante que tinha lido a algum tempo. Isso seria fácil se este “algum tempo” não fosse três anos, se eu tivesse anotado alguma coisa no livro, se houvesse alguma referência, seria um bom começo. Pra falar a verdade, eu não lembrava as palavras que compunham o trecho em questão, sabia apenas que estava ali e falava alguma coisa de palavras que passavam para formar algum sentido... era mais ou menos isso. Lendo alguns trechos me deparei com passagens que tratavam do mesmo assunto que tinha em mente, passagens que falavam do esquecimento e de como podíamos nos lembrar de algo que tínhamos esquecido, pois como poderíamos saber que esquecemos algo se já não lembramos mais dessa coisa? “Sei disso porque me perguntavam enquanto procurava: é isto? É aquilo? E eu continuava a responder não, enquanto não me fosse mencionado exatamente o que eu procur

O valor dos desencontros

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O estado vazio de significado revela por sua indeterminação o outro que o toca. Poeta: Sujeito com mania de comparecer aos próprios desencontros Manoel de Barros O que acontece quando compartilhamos o mesmo espaço com outras pessoas? Ou melhor, o que acontece quando compartilhamos sentimentos? Ou os dois ao mesmo tempo? Lembrando de minha colega Pati, que possui a curiosidade de descobrir o que se esconde atrás desse “discurso comum”, queria pensar esse momento compartilhado onde duas pessoas se encontram e descobrem um novo mundo, tudo isso mediado pela linguagem oral, olfativa, táctil e a insuperável olhada nos olhos... o que acontece quando nos encontramos? Quando esse assunto me vem a mente lembro de minhas aquarelas. Quando vou fazer um desenho colorido procuro precisão nos traços, uma beleza das formas, um separar de espaços. Quando começo a colorir, tudo vai bem até eu passar o pincel por uma superfície silenciosamente ainda úmida. A tinta parece invadir o

Dia dos namorados

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A vida de solteiro até que tem seu lado bom O que eu poderia dizer num dia como esse? Não sei. Mas pensando melhor, decidi fazer uma homenagem a você que namora, que compartilha sua vida com outra pessoa, tanto as coisas boas como as ruins. Vou enunciar algumas coisas que eu percebo contemplando os relacionamentos de meus amigos e confesso, sinto uma inveja boa. Senti uma inveja boa uma vez quando voltava de um museu e perguntei ao meu amigo onde ele preferia comer, no Subway ou na padoca. Ele me respondeu que ele preferia comer em casa. Afinal, sua mulher tinha comprado carne e provavelmente teria cozinhado alguma coisa. Quando solteiro relaxa ele passa fome, fica sem cuecas, sem pasta de dente e a casa fica parecendo um cenário de Walking Dead. Senti uma inveja boa quando vi um amigo ansioso pra ligar pra namorada, inseguro se deveria ligar ou não, porque não sabia se ia parecer grudento. Ele queria ligar, mas tendo em vista que sua amada não lhe passa muita conf

O amor é biutiful

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Cena de Biutiful, de Alejandro Gonzáles Iñárritu Às vezes parece que a vida não quer olhar em nossos olhos. Nossos esforços se perdem em meio a multidão de demandas que nos cercam e não conseguimos evitar o sofrimento daqueles que amamos. Eu penso em tudo que passei e organizo minhas memórias, disponho minhas energias para compreender o que causou toda aquela tristeza para que assim eu consiga evitar tais decepções, para evitar o inevitável. É engraçado, mais com 17 anos eu acreditava que relacionamentos infelizes não deviam existir e que as pessoas deviam casar virgens, afinal o sexo antes do casamento poderia trazer complicações, gravidez indesejada, doenças venéreas. Como um Descartes Quixotesco, eu tentava excluir da vida tudo que poderia trazer alguma margem de dúvida. Seguindo essa receita racionalista ingênua, acabei por me esvaziar completamente. Passei alguns anos tentando resolver as questões que me afligiam abraçando um cristianismo furioso, irrepreensível, acred