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Mostrando postagens de abril, 2017

Compréto?

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(foto google imagens) A vida não é feita apenas de grandes narrativas, as vezes, esquecemos do quão rico e importante são aquelas pequenas experiências de nosso passado e do quanto elas nos acompanham no decorrer dos dias. Volta e meia discuto a falta de carrinhos de lanche tipo dos que encontro normalmente em Guaratinguetá. Aqui em São Paulo tudo é tão caro e gourmetizado que preciso gastar muito para ter algo menos saboroso. Aí eu me pergunto, por que não tenho a chance de pedir um x-burguer completo daqueles de 5 mangos aqui em sp? Como isso faz falta! Isso me despertou para empreender uma genealogia do hambúrguer e do quanto essa refeição me acompanhou no decorrer dos anos. Nos primórdios eu visitava algumas cantinas da vila militar onde morava quando era criança e pedir um lanche era uma coisa extravagante, no linguajar de meu pai... "vou fazer uma extravagância hoje, vou comprar um hambúrguer." Era muito caro, mas a experiência era diferenciada, pois quando

Qual é o preço de sua sombra?

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Illustration to accompany a 1918 Danish edition of Adelbert von Chamisso's Peter Schlemihl Hoje, conto-lhes a maravilhosa história de Peter Schlemihl. Este jovem encontrou um senhor muito elegante e prestativo que lhe ofereceu uma bolsa de ouro mágica, capaz de fornecer quantias inesgotáveis de ouro, em troca apenas de sua... sombra. Tudo é muito rápido, porque o jovem prontamente aceita a proposta, quem não aceitaria? Pra que serve uma sombra afinal? Já o ouro, humm, pode mudar tudo, nos dar luxo e conforto, em outras palavras - tudo de bom! Como vocês provavelmente intuíram, as coisas não acontecem como nosso herói previa, pois as pessoas aparentemente não toleram quem não tem uma sombra! Ele é escorraçado do convívio publico e consegue sair de seus ricos aposentos apenas em noites sem luar. Schlemihl se encontra incrivelmente rico, mas incapaz de estabelecer vínculos humanos. Consegue conversar apenas com seus criados e vive amedrontado, temendo que seu segredo venha

A poesia e o antimoderno

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Descascando uma pera Tenras gotas Escorrem ao longo da faca Shiki Gosto de compartilhar minhas viagens com vocês, caros companheiros de vida. Se pensarmos a existência como sendo uma condensação espontânea de elementos e pulsações, acredito que nada do que está aqui comigo agora seja fruto de uma escolha fortuita do destino. Subimos de um fundo abissal e indefinido para contemplar o sol e as folhas caindo, rindo daqueles que caem de bicicleta ao nosso lado. Logo logo estaremos todos enterrados e seremos reabsorvidos pela mamãe Terra, qual outro fazer seria - diante desse quadro - mais importante do que o fazer poético? Apesar disso, acredito ser muito difícil nos aproximar da poesia em nosso dia a dia, quando pergunto... você gosta de poesia? Em geral as pessoas torcem o nariz e dizem que preferem um livro de histórias para depois assistirem o filme. Poucos decoram poesias - isso já não tem mais cabimento não é? Este haikai acima eu tirei de um livro chamado Antimodernos, d

Como perguntar o que realmente importa sem ser espiritual?

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Acompanho um programa de radio chamado On Being, realizado por Krista Tippett e a chamada de seu programa é: Quem somos nós? Por que estamos aqui? Para onde estamos indo? Este programa de radio é tão maravilhoso que eu me pergunto todas as vezes que eu escuto: por que não temos nada parecido aqui no Brasil? Por que é tão difícil falar sobre espiritualidade sem ter que apresentar mil poréns e ressalvas, por que a espiritualidade não faz parte de um espaço de debates sobre o caminho que a realidade está tomando? Por que as pessoas não podem comentar sua espiritualidade sem ter que explicar suas preferências religiosas? Por que a religião se tornou algo restrito ao foro íntimo, como mais uma preferência entre tantas que escolhemos? Como se ela fosse algo que habitasse a esfera da opinião e não da ética. Neste programa já ouvi um debate entre pastores sobre a interferência do cristianismo na política, já ouvi o Dalai Lama respondendo perguntas do auditório, um cientista cuja obra m