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Mostrando postagens de 2012

Passamos com o tempo

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Tá difícil ler essas letras miúdas   Quando deixamos de lado certas cerimônias e decidimos viver sem tantas neuras percebemos que estamos ficando velhos. Isso porque nossas expectativas costumam envelhecer junto com seus donos. Envelhecer... o que significa isso? Essa reflexão acompanha esse momento lindo que tenho passado com meus amigos e familiares, pois todos estão fazendo trinta anos ao meu redor! Meu deus! Mas o que significa envelhecer? Essa pergunta bate a minha porta, principalmente agora que estou prestes a dobrar o cabo da boa esperança. As vezes me pergunto o que faz com que algumas pessoas mudem fisicamente, mas continuem com suas manias? Enquanto outras que acabaram de desembarcar nessa bela existência parecem trazer o “manual da vida” no bolso, sacam tudo “de cara” e já sabem o que querem da fazer com uma certeza de invejar...rs Envelhecer significa continuar, estar em movimento. Nosso corpo necessariamente acompanha as estações, se desgasta debaixo do so

Nossa intimidade poética

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Me empresta suas havaianas!?   Assistindo uma palestra de Adélia Prado, surgiu a questão sobre o amor e a convivência a dois e um convidado pôs-se a defender a ideia que para um relacionamento dar certo, os amantes devem viver em casas separadas. Questionado pela poetisa sobre o porquê de tal escolha, o homem se explicou dizendo que esse espaço era importante para resguardar a intimidade do casal, preservando o relacionamento daquele desgaste natural que a intimidade excessiva provoca como ver o seu amor acordar descabelado, com bafo, os “puns” ocasionais... isso seria um relacionamento em doses homeopáticas, “clean”, bem afeito ao ser humano descolado.. esse que já não aguenta mais conviver com outros seres humanos descolados. A poetisa não concordou com a opinião de seu ouvinte, pois pra ela o amor precisava de uma convivência justa, próxima, com tudo o que tem direito, senão não seria amor. Eu não quero falar sobre o que a intimidade pode trazer de ruim, como a invasão

Vamos curtir o sábado

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Foto de Lúcia Simões - "Zeca bocejando" Após algum tempo, precisamente um ano, nos permitimos um descanso. Fechamos um ciclo e, ao final, acho que o balanço é positivo.  Começamos discutindo algumas concepções filosóficas a respeito do amor, como a platônica, caminho que aos poucos foi cedendo lugar a uma escrita mais solta, menos formal, procuramos colocar menos citações e mais amor em nosso Blog. Aí acrescentamos poesias, filmes, histórias pessoais, palestras, desamores, sexo, algumas fotos ilustrativas, comecei a separar os parágrafos por um espaço para deixar a leitura menos tediosa. Nunca desistimos de trazer a você, querido leitor (a), a impressão e os desejos que carregamos em nosso peito atordoado pelas inúmeras inquietações amorosas que nos cercam quais passarinhos em uma revoada crepuscular. Queremos compartilhar nossas inquietações! Vocês infelizmente apareceram no lugar errado na hora errada..rs Será que aprendemos algo a respeito do amor? Con

O amor é uma flor de chapoticaba

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Sr. Wiggand Schneider - meu vovô 31 de julho abriu a flor de chapoticaba 1990 5 de julho 1991 abriu a flor de chapoticaba 2ª florada dia 24 de julho Chapoticaba Abriu a flor 18-05-99 Este registro de floradas está escrito a lápis no umbral da porta do ranchinho da casa do meu avô, em Pirassununga. Este final de semana fui visitá-lo junto com minha mãe, pois ele havia passado mal e já fazia muito tempo que não o via. Ele não lembra mais de mim, e me cumprimenta como um senhor que encontro pela primeira vez na rua... “olá” ele diz, meio confuso por ter um “estranho” dentro de sua casa. Lembro das últimas vezes que o encontrei lúcido, ele contava as mesmas histórias de quando trabalhava numa fábrica de tecelagem e tinha que reparar as paredes que eram atingidas pelos eixos das máquinas, pois estas “escapavam” de vez em quando e derrubavam pedaços da parede da fábrica. Por causa do barulho das máquinas tinha ficado com os ouvidos bem debilitados, por is

Vamos disfarçar

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No amor, momento e eternidade se confundem - se tocam.  Algumas semanas atrás, assisti a um filme chamado “Amor a flor da pele” e, em alguns comentários, os críticos diziam que o filme narra um amor que não existe mais. Eu discordo, pois acredito que o filme procura mostrar que o amor transpassa nossas vidas e o fato de que nós mudamos culturalmente não significa muita coisa para este Deus. Ele continua movendo nossas vidas, a diferença é que, como todas as boas religiões, ele se tornou um segredo. No filme, dois casais se descobrem vizinhos após uma mudança e, depois de alguns meses, Chow e Li-Zhen começam a se encontrar pelos cantos da pensão, trocando conversas curtas, olhares. Ambos percebem que seus cônjuges viajam muito e a solidão começa a dar lugar à um sentimento de cumplicidade. Antes que você pense que eles se lançam num adultério tórrido, o que acontece na verdade (se você quiser ver o filme, por favor, pare de ler por aqui..rs) é que eles se descobrem traíd

Procurando ninguém

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O que eu tô procurando memo? Esta madrugada peguei um livro de minha estante e comecei a folhar procurando uma passagem muito interessante que tinha lido a algum tempo. Isso seria fácil se este “algum tempo” não fosse três anos, se eu tivesse anotado alguma coisa no livro, se houvesse alguma referência, seria um bom começo. Pra falar a verdade, eu não lembrava as palavras que compunham o trecho em questão, sabia apenas que estava ali e falava alguma coisa de palavras que passavam para formar algum sentido... era mais ou menos isso. Lendo alguns trechos me deparei com passagens que tratavam do mesmo assunto que tinha em mente, passagens que falavam do esquecimento e de como podíamos nos lembrar de algo que tínhamos esquecido, pois como poderíamos saber que esquecemos algo se já não lembramos mais dessa coisa? “Sei disso porque me perguntavam enquanto procurava: é isto? É aquilo? E eu continuava a responder não, enquanto não me fosse mencionado exatamente o que eu procur

O valor dos desencontros

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O estado vazio de significado revela por sua indeterminação o outro que o toca. Poeta: Sujeito com mania de comparecer aos próprios desencontros Manoel de Barros O que acontece quando compartilhamos o mesmo espaço com outras pessoas? Ou melhor, o que acontece quando compartilhamos sentimentos? Ou os dois ao mesmo tempo? Lembrando de minha colega Pati, que possui a curiosidade de descobrir o que se esconde atrás desse “discurso comum”, queria pensar esse momento compartilhado onde duas pessoas se encontram e descobrem um novo mundo, tudo isso mediado pela linguagem oral, olfativa, táctil e a insuperável olhada nos olhos... o que acontece quando nos encontramos? Quando esse assunto me vem a mente lembro de minhas aquarelas. Quando vou fazer um desenho colorido procuro precisão nos traços, uma beleza das formas, um separar de espaços. Quando começo a colorir, tudo vai bem até eu passar o pincel por uma superfície silenciosamente ainda úmida. A tinta parece invadir o

Dia dos namorados

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A vida de solteiro até que tem seu lado bom O que eu poderia dizer num dia como esse? Não sei. Mas pensando melhor, decidi fazer uma homenagem a você que namora, que compartilha sua vida com outra pessoa, tanto as coisas boas como as ruins. Vou enunciar algumas coisas que eu percebo contemplando os relacionamentos de meus amigos e confesso, sinto uma inveja boa. Senti uma inveja boa uma vez quando voltava de um museu e perguntei ao meu amigo onde ele preferia comer, no Subway ou na padoca. Ele me respondeu que ele preferia comer em casa. Afinal, sua mulher tinha comprado carne e provavelmente teria cozinhado alguma coisa. Quando solteiro relaxa ele passa fome, fica sem cuecas, sem pasta de dente e a casa fica parecendo um cenário de Walking Dead. Senti uma inveja boa quando vi um amigo ansioso pra ligar pra namorada, inseguro se deveria ligar ou não, porque não sabia se ia parecer grudento. Ele queria ligar, mas tendo em vista que sua amada não lhe passa muita conf

O amor é biutiful

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Cena de Biutiful, de Alejandro Gonzáles Iñárritu Às vezes parece que a vida não quer olhar em nossos olhos. Nossos esforços se perdem em meio a multidão de demandas que nos cercam e não conseguimos evitar o sofrimento daqueles que amamos. Eu penso em tudo que passei e organizo minhas memórias, disponho minhas energias para compreender o que causou toda aquela tristeza para que assim eu consiga evitar tais decepções, para evitar o inevitável. É engraçado, mais com 17 anos eu acreditava que relacionamentos infelizes não deviam existir e que as pessoas deviam casar virgens, afinal o sexo antes do casamento poderia trazer complicações, gravidez indesejada, doenças venéreas. Como um Descartes Quixotesco, eu tentava excluir da vida tudo que poderia trazer alguma margem de dúvida. Seguindo essa receita racionalista ingênua, acabei por me esvaziar completamente. Passei alguns anos tentando resolver as questões que me afligiam abraçando um cristianismo furioso, irrepreensível, acred

O véu de Eros

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Quem é o "outro" para quem aperta o gatilho? Assistindo o café filosófico da semana passada, cujo tema era o ódio e a xenofobia na Europa contemporânea, o palestrante Dante Claramonte Gallian usou uma figura interessante para ilustrar a ideia do ódio retirada de um livro do sec. IX chamado O Peregrino Interior. O personagem principal guiado pela Sabedoria avança pelos meandros da alma humana e se depara com um personagem, o cupido de olhos vendados. Diante desta figura, o peregrino pergunta a Sabedoria: não é este o amor? Por que está vendado? A Sabedoria diz: cuidado... este é, na verdade, o ódio. Esta figura é utilizada para afirmar que o ódio não se constitui como antítese do amor e não deve ser considerada como uma paixão puramente negativa, mas como o “amor vendado” pela ignorância. Assim, odeia-se o estrangeiro porque desconhecemos sua história, o que pode ser trabalhado pelo desvelamento de suas origens, o argumento do palestrante aponta para o conheciment

Todo homem trai

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Trecho do filme "Desconstruindo Harry" põe a questão: Quem está fora de foco, nós ou o resto do mundo? Discuti com amigos na mesa do almoço o assunto “todo homem trai”, um tema muito interessante, diga-se de passagem. Poderia perder varias páginas comentando este tema, todas as nuances preconceituosas que acreditamos ser “naturais”, etc. Mas não vou. Quero discutir outro tema, que a meu ver, é bem mais interessante: a vontade de generalizar. Essa vontade que nos domina, que chega de mancinho e acaba infestando toda nossa alma. A vontade de generalizar é aquela que esta por trás de comentários como... “nenhum homem presta” ou “toda mulher gosta de cara com carrão” ou “todo político é corrupto” ou “todo japonês tem..” aham, quero dizer “ todo japonês é inteligente”, escondem algo que não admitimos para nós mesmos e se manifesta por uma mania de se antecipar ao inesperado, determinando com antecedência tudo o que devemos esperar das pessoas que “enquadramos” ness

O sem razão que nos une

Ontem eu fui a um colóquio, na Sociedade Brasileira de Psicanálise, sobre Relações Familiares na Atualidade. A primeira conferência foi com os psicanalistas Rodolfo Moguillanski e Silvia Liliana Nussbaum, da Asociación Psicanalítica de Buenos Aires e, como foi a mais interessante, vou falar apenas dela. A primeira fala, do Rodolfo, tratou do campo específico de interesse da psicanálise vincular (ou seja, dos vínculos entre as pessoas, mais do que de cada indivíduo envolvido neles): o sem razão que une, o amor. Vou dividir com vocês o qu eu ouvi, tá? Aí pensamos a partir disso. Supor o encontro amoroso como possível é uma construção muito recente. Até o século XX, nem o casal e nem a família encontravam o seu fundamento no amor. Isso foi imaginado pelo Romantismo, no XIX. E a possibilidade do encontro amoroso, no XX, coincide com a emancipação da mulher. Sem casamentos arranjados e com as mulheres livres para poderem escolher, o insondável do amor, então, passou a dar as cartas e se

Conversar pra variar

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                      Charlie Brown, Linus e Lucy Mais uma noite de sábado se aproxima, e eu me lembro que a algum tempo eu não sinto mais aquela angústia de ficar em casa, sozinho. Ia me sofrendo aquela sensação de estar perdendo algo, como quando a gente é criança e fica de castigo, na janela, vendo os outros brincando... eu pulava a janela e ia brincar, minha mãe ficava brava! Depois meus amigos iam me avisando.. ihhh sua mãe tá te procurando! Aiai, sabia que ia levar uma surra -   seguia em frente. As vezes acontecia de ela ter que sair, daí a surra era adiada...rs Voltando a nossa historia, quando chegava o final de semana sempre rolava uma expectativa, um friuzinho na barriga.. será que vou encontrar alguém interessante por ai!? Na dúvida, me arrumava, achava um condenado com a mesma expectativa e ia pra rua. Beber, dançar, chavecar.. uhu! Nada melhor, se encontrasse uma garota, melhor ainda. Difícil era equilibrar todas as variáveis, geralmente bebia demais... da

O problema da repetição

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Em minhas aulas sobre Deleuze, o professor Vladimir Safatle comentou a perspectiva estética que existia na obra Diferença e Repetição. Utilizando obras de Andy Wahroll, Safatle explicou como a disposição repetitiva de fotos de objetos e cenas chocantes acabavam por causar o efeito contrário: a indiferença. Esse efeito paradoxal pode ser explicado pela idéia de simulacro advinda da filosofia platônica, pois quando um artista reproduz uma figura natural está tomando como referência uma imagem que não é a origem da representação, pois uma cadeira é um objeto(sensível) que concretiza a idéia “cadeira”, fechando a relação idéia-ideado. Quando criamos uma terceira imagem, nós quebramos esta relação de representação e produzimos um simulacro, algo que não guarda mais a correlação imagem-objeto, produzimos uma "imagem da imagem". O resultado da composição de inúmeras imagens dispostas repetidamente parece aturdir nossa sensibilidade, deslocando nossa percepção para o vazio da i

Pra que palavras?

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Hoje fui ao MASP e pude ver a galeria PIRELLI, de todos o que eu mais curti foi o Otto Stupakoff. Deixo-lhes esta singela amostra... Homenagem a Balthus , 1991 Nova Iorque gelatina / prata tonalizada 22,5 x 34,0 cm (28,2 x 35,3 cm) © Otto Stupakoff. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Xuxa, Copacabana Palace , 1985 Rio de Janeiro, RJ gelatina / prata tonalizada 34,0 x 23,0 cm (35,3 x 28,0 cm) © Otto Stupakoff. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Tahiti , 1992 gelatina / prata tonalizada 10,0 x 13,0 cm (25,2 x 20,4 cm) © Otto Stupakoff. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Salvador , 1978 gelatina / prata tonalizada 17,0 x 25,2 cm (27,7 x 35,5 cm) © Otto Stupakoff. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Ian , 1963 São Paulo, SP gelatina / prata 35,0 x 55,0 cm (50,0 x 60,0 cm) © Otto Stupakoff. Todos os direitos reservados. Reprodução proibida. Medusa , 1987 Nova Ior