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Mostrando postagens de agosto, 2015

A beleza nua

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Mishima "Beleza carnal, beleza espiritual, tudo o que se relaciona com a beleza nasce na ignorância e da escuridão, e só delas. Não é permitido saber e continuar belo. Se a ignorância e escuridão são a mesma coisa, então uma competição entre o espírito que não tem nada para escondê-las e a carne que as esconde atrás de sua luz ofuscante não é competição alguma. A beleza é só beleza da carne."     A queda do anjo - Mishima Observando o mar de onde brotou Afrodite, toda a amplitude e escuridão que se exibe a pleno dia, as profundezas e o azul que se espraia invadindo o fundo de meus pensamentos, sinto que a beleza não está a nosso alcance. As coisas que estão no mar delicadamente desaparecem, depois voltam e nos surpreendem. Assim é a beleza, algo que não se deixa apreender pelas mãos... se debate e retorna para as profundezas. Parado ao lado da faixa amarela esperando meu trem, contemplo o trem parado na outra plataforma e que carinhosamente me presenteou com uma

Pressão e silêncio

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Paulo Whitaker - Reuters(site Globo.com) Observando os protestos que estão ocorrendo no país eu sinto um misto de alegria e tristeza, isso porque o discurso das pessoas que vão às ruas geralmente está impregnado de um ódio bruto, de imediatismos e soluções fáceis. Chega a assustar um pouco ver pedidos de retorno da ditadura, pessoas que bradam seus discursos o mais alto possível para não ouvirem a opinião alheia, para não serem questionadas em seus motivos. Mas sinto um pouco de alegria também, pois ainda que desajeitado ou precário, as pessoas estão protestando contra algo que não está posto ali, não é contra a presidente Dilma, mas contra algo que elas não conseguem adequadamente verbalizar ou reconhecer. Por isso o mais importante agora não é desconstruir os protestos, mas perceber suas origens e de que maneira poderemos encaminha-los para direções mais interessantes. Que a presidente é um alvo, isso eu não tenho dúvidas, afinal, ninguém está protestando contra os Cunhas e

Encontrando nosso leão

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Hércules encontra o leão Eu decidi parar. Por uma razão inexplicável eu decidi retornar ao ponto de partida, compreender porque estava ali e tentar alterar minha maneira de ser e viver no mundo. Esse percurso de retorno tem se revelado árduo em vários sentidos e as paisagens são bem diferentes do que eu estava acostumado. Estou, lentamente, voltando às minhas origens. Desde muito cedo nos acostumamos a agradar e cumprir nosso papel na sociedade, estudamos, escolhemos amores e carreiras, e quando um dia decidimos parar algo estranho acontece: você percebe que não consegue parar. Todas as tentativas de mudar se desfazem em suas mãos e quando acordamos, percebemos que estamos no mesmo lugar de sempre e que nossos velhos medos chegaram em alguma hora perdida na madrugada da alma e realizaram algumas mudanças na fachada. O suficiente para acreditarmos que mudamos. Quando percebemos isso, tudo começa a ficar pior, pois os velhos medos precisam se esforçar mais para nos enganar, e