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Mostrando postagens de setembro, 2017

O fim do juízo

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Ouvi algumas pessoas comentando sobre o fim do mundo, de um alinhamento celeste que aparecia em uma passagem do Apocalipse bíblico. Saber que algo do Apocalipse está acontecendo nos dá um certo calafrio já que o livro em questão é famoso pelas tragédias que habitam suas páginas. As poucas coisas que fazem sentido neste livro da Bíblia é que coisas ruins vão acontecer no final da história judaico cristã, mas isso só para aquelas pessoas más que não são nem judaico nem cristãs. Terremotos e furacões, guerras e pestes ceifando as vidas de frações da população terrestre são parte do anticlimax que Deus preparou para aqueles que não pensam igual Ele. Tudo isso, claro, faz muito sentido se ligarmos o noticiário; o que me faz pensar o quão cristão é o nosso jornalismo e o quanto estas instituições reproduzem uma retórica moralista que busca convencer as pessoas de que muitas coisas ruins acontecem e que "fazer nossa parte" consiste em condenar tudo isso que anda acontecendo. I

Cartografias estão na moda

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Esqueci meus medos embaixo da cama Como andam meus afetos? Ando me perguntando e observando... por onde anda a minha alegria? O que sinto com mais frequência ultimamente? Raiva? Frustração? Vi uma publicação dizendo que temos não mais meia dúzia de afetos, mas vinte e tantos. Deve ser verdade, afinal foi uma instituição americana que pesquisou. Quando penso sobre isso começo a me sentir um biólogo caminhando por território desconhecido, vendo seres em movimento, migrações e aglomerações. Seria possível sentir mais alegria e menos tristeza? Como estimular uma alteração do ecossistema afetivo de forma a multiplicar sentimentos bacanas e abater os espíritos selvagens que sejam negativos, tipo o medo? Como não sentir medo nos dias de hoje? Essa é uma pergunta que eu não pretendo responder. Usarei uma abordagem diferente, binóculo em mãos, observarei seus ajuntamentos e ninhos. Sinto uma revoada de medos diante da possibilidade de fazer uma cagada irreparável. Nossa, bastan

O peso de nosso olhar

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Google imagens "Se a pena tivesse caído, se tivesse feito descer a balança, a casa inteira teria mergulhado nas profundezas para se assentar nas areias do olvido(esquecimento)."  Essa citação foi retirada da obra "o tempo passa" de Virginia Woolf. Nesta obra curta, umas cinquenta páginas, Virginia narra a trajetória de deterioração de uma casa abandonada por seus donos após a primeira guerra mundial, acho que é isso. Usei um outro trecho em meu post passado, e as palavras buscam descrever a situação de uma casa invadida pelas forças da natureza. Segundo o filósofo Michel Serres, a obra trata do combate entre as forças da entropia e da ordem, ou do velho conflito filosófico entre idealismo e realismo. Como assim? Bom, as vezes é realmente maneiro ler comentaristas de literatura, afinal esses caras apontam coisas que acendem nossa leitura para aspectos inusitados. Para Michel Serres, "o tempo passa" mostra como a presença humana, personificada

Não sabem que chove

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No saben el caminho - Goya "Escurecia. Nuvens cobriam a lua; uma chuva fina tamborilava no telhado nas primeiras horas da manhã, e a luz das estrelas e a luz da lua e toda a luz do céu e da terra se apagara. Nada podia sobreviver ao dilúvio, ao derramamento, à tromba d'água de imensa escuridão que, insinuando-se pelos buracos da fechaduras e pelas frestas, metia-se pelas venezianas, atingia os quartos, e engolia, aqui um jarro e uma bacia, ali um vaso de dálias rubras e amarelas, acolá as agudas quinas e o sólido corpo de uma cômoda. Não era só a mobília que se desintegrava; não restava quase nada de mente ou corpo pelo qual se pudesse dizer "isso é ele" ou "isto é ela"..."  Virginia Woolf Estou aprendendo a contemplar as coisas graças à meditação. Paro e observo, respiro. A meditação nos permite ser de forma menos verbalizada e isso acaba alterando a forma como conduzo minha vida no dia a dia. Quando entro em um metrô ou ao adentrar uma sa