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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Torre de Babel

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Torre de Babel - Google imagens Toda autonomia está fadada a desmoronar. Deus!? ... Entre as flores E as folhas? Entre a esquerda E a direita? Entre você E eu? Entre o tempo E o sempiterno? Entre a flecha e o arqueiro? Entre a morte e a vida? Entre os vales e os planaltos? Entre a sociedade e o indivíduo? Entre a alma e o corpo? Entre o transcendente e o imanente? Entre o consciente e inconsciente? Entre o nada e o ser? Entre o certo e o errado? Entre o bem e o mal? Entre a beleza e a feiura? Entre a paz e a violência? Quero saber qual a diferença

A chave

Veja o que se passa Em um momento Aquele instante que você Procura, distraída A chave do apartamento Ligo o modo cinema Você ali, paradinha na porta É o trailer que assisto Com sorriso na alma Mastigando pipocas Pra ajudar Você levanta, de leve A perna direita Apalpando o inescrutável Inventário das necessidades femininas Essa deliciosa perna direita Você equilibra na pontinha do pé Um pouco ansiosa Lança-me um olhar "Onde tá a porra da chave?" Não tenha pressa... Ficaria aqui o resto da minha vida Pra colaborar com o momento Faço uma expressão de "que merda isso, né?" É mentira! Tô adorando isso.. A chave (milagrosamente) aparece Segundo a lógica Deveríamos ficar ali para sempre As luzes acendem Abandono minha poltrona A vida me impressiona tanto Que sinto-me ficção

O estrangeiro em nós

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Pântano - Bosque da Barra- RJ - Elizabeth Coelho Sonhei que sobrevoava um pântano encharcado. Parecia que estava para encontrar alguém ou um velho conhecido. Olhando a planície alagada encontrava uma pessoa transitando em uma espécie de lancha, rompendo a lama e se afastando, lentamente. Após pousar eu adentrava um rio raso que se ramificava em vários afluentes, surfava com várias crianças, curtindo uma "pororóca" amazônica. A cada curva encontrava novas crianças que chegavam em pequenas ondas. Depois deste momento de curtição eu parei para apreciar a paisagem e fiquei estupefato, pois a planície estava de um verde claro daqueles que parecem acesos por uma brecha inusitada nas pesadas nuvens de uma chuva de verão. Gostei tanto que comecei a falar comigo mesmo: como eu vivi até hoje sem contemplar isso!? Este sonho despertou sentimentos suaves, uma coisa tipo um reencontro com algo que estava perdido há muito tempo, mas que não estava distante, apenas submerso sob uma fi

Verdade: palavra que se encontra no pé

Sentada sobre o pó Sinto fome Levanto-me Buscando pelo cheiro Algo que eu possa comer As coisas, fugidias Escapam pelo peso As sutilezas escorrem pelo desespero Matéria de meus tremores Mastigo palavras jogadas pelo caminho Sílabas murchas Um pouco sujas Tiram a secura de meus lábios Seria bom encontrar Uma palavra ainda no pé Sempre existe Um jardim fechado De segredos entumecidos Regado e resguardado Longe dos esfomeados Ser sem mãos Perambulando na escuridão Percebeu, ofegante Um vermelho maduro Mas o galho era alto! Lançou-se contra a árvore Com todas as forças Crendo que seu diminuto corpo Comoveria rústica copa Fazendo-a liberar o desejado fruto Quedou-se com a força de seu próprio ímpeto Soltando gritos e soluços A primeira lágrima Deslindou sua pele Oculta sob a poeira Adormeceu entre as raízes E ali ficou até que um vento Açoitou os galhos Derrubando algumas verdades Doces e coloridas

Descanso

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Descanso dos Romeiros Descanso é um termo espanhol utilizado para designar o lugar em que a comitiva deveria parar no percurso entre a igreja, onde era velado o defunto, e o cemitério. Isso porque antigamente o cortejo fúnebre carregava o caixão no muque, e a distância entre a igreja e o cemitério não era curta, daí haviam certos "checkpoints" em que o cortejo parava para puxar um fôlego. Com o advento do carro esse costume se perdeu e o descanso assumiu outro significado. Agora, o descanso é uma espécie de homenagem ou memorial construído em um lugar onde pessoas tiveram suas vidas subitamente interrompidas, o que, em nossos dias, comumente acontece em acidentes automotivos. Depois de conhecer essa breve historinha, pude entender o que significavam aquelas cruzes e capelinhas construídas na beira da estrada, com várias imagens de santos e velas derretidas, coisas que eu via com certo temor e que emanavam uma energia tenebrosa. A mudança do sentido da tradição do &q