Verdade: palavra que se encontra no pé

Sentada sobre o pó
Sinto fome
Levanto-me
Buscando pelo cheiro
Algo que eu possa comer

As coisas, fugidias
Escapam pelo peso
As sutilezas escorrem pelo desespero
Matéria de meus tremores
Mastigo palavras jogadas pelo caminho

Sílabas murchas
Um pouco sujas
Tiram a secura de meus lábios
Seria bom encontrar
Uma palavra ainda no pé

Sempre existe
Um jardim fechado
De segredos entumecidos
Regado e resguardado
Longe dos esfomeados

Ser sem mãos
Perambulando na escuridão
Percebeu, ofegante
Um vermelho maduro
Mas o galho era alto!

Lançou-se contra a árvore
Com todas as forças
Crendo que seu diminuto corpo
Comoveria rústica copa
Fazendo-a liberar o desejado fruto

Quedou-se com a força de seu próprio ímpeto
Soltando gritos e soluços
A primeira lágrima
Deslindou sua pele
Oculta sob a poeira

Adormeceu entre as raízes
E ali ficou até que um vento
Açoitou os galhos
Derrubando algumas verdades
Doces e coloridas













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