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Mostrando postagens de setembro, 2011

Sobre a imprevisibilidade

Do Desejo (Hilda Hilst) Que és? Perguntei ao desejo. Respondeu: lava. Depois pó. Depois nada. III Colada à tua boca a minha desordem. O meu vasto querer. O incompossível se fazendo ordem. Colada à tua boca, mas descomedida Árdua Construtor de ilusões examino-te sôfrega Como se fosses morrer colado à minha boca. Como se fosse nascer E tu fosse o dia magnânimo Eu te sorvo extremada à luz do amanhecer. *** Porque... o amor é momento de conversão. É chamado inegociável para uma caminhada à beira do abismo. No escuro repentino: galáxias. O horror de uma primavera brotada na carne. O universo absolutamente transformado, o sublime implacável arrombando a razão, rumo inquestionável se impondo, amoral, para não sei onde. O mistério desvirginando o mundo e a tragédia do irrealizável. *** No dia 17 de setembro, fui à palestra do psicanalista Plínio W. Prado Jr. sobre A Condição Amorosa Hoje. Com base, principalmente, em Freud e em Barthes (deste último, Fragmentos de um Discurso Amoroso ), Plíni

Amor Wabi Sabi

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Quando morremos Começamos a sangrar E os traços com que a vida nos rabisca Perdem a forma Revelando a tinta Por trás de nossa alma Assim o fim nos redime Uma vida inteira de ilusões Nos permite sentir o que existe No vazio de nossas verdades

Relaxa que Wabi Sabi.

Para aqueles que anseiam pela participação de nossa ilustre geminiana, Pati manda dizer: Relaxem... que Wabi Sabi. Para não cansar nossos ilustres visitantes, deixo-lhes uma citação. “A volúpia corporal é uma vivência dos sentidos, não difere do simples olhar ou da pura sensação de água na boca causada por uma fruta; ela é uma grande experiência, infinita, que nos é dada, um saber do mundo, a plenitude e o brilho de todo o saber. Não é ruim o fato de a aceitarmos; ruim é o fato de que quase todos abusam dessa experiência e a desperdiçam, usando-a como estímulos nos momentos cansados de sua vida, como uma distração, em vez de uma concentração para alcançar pontos mais altos. Os homens converteram até mesmo o ato de comer em uma outra coisa: carência por um lado e excesso por outro obscurecem a clareza dessa necessidade; e igualmente obscurecidas se tornam todas as necessidades profundas e simples nas quais a vida se renova. Mas o indivíduo pode esclarecê-las para si mesmo e viver claram

O que é o amor?

Essa é uma pergunta difícil de responder, isso se existir uma resposta. Mas não devemos deixar essa vertigem estancar nossa gostosa reflexão, vamos tentar prosseguir admirando a paisagem, ainda que nosso destino não seja tão amigável e que as respostas sejam escassas, penso que este exercício nos permitirá um contato mais prazeroso com este misterioso deus, o Amor. Anteriormente, procurei aproximar o que acredito ser o amor de nossos sentimentos mais íntimos e desconhecidos porque acreditava que o amor se manifestava através da revelação do que foi anteriormente suprimido pela ordem vigente. Recordando a batalha dos titãs na mitologia grega, pensava o amor como o retorno à superfície destes sentimentos que relegamos ao abismo no momento em que a ordem se instituiu. Quando Zeus ganhou a batalha ele prendeu os titãs no mais profundo abismo, ou seja, ao final da batalha não existe a destruição do inimigo, mas apenas uma realocação, o universo continua abrigando em seu interior elementos