Relaxa que Wabi Sabi.

Para aqueles que anseiam pela participação de nossa ilustre geminiana, Pati manda dizer: Relaxem... que Wabi Sabi.
Para não cansar nossos ilustres visitantes, deixo-lhes uma citação.
“A volúpia corporal é uma vivência dos sentidos, não difere do simples olhar ou da pura sensação de água na boca causada por uma fruta; ela é uma grande experiência, infinita, que nos é dada, um saber do mundo, a plenitude e o brilho de todo o saber. Não é ruim o fato de a aceitarmos; ruim é o fato de que quase todos abusam dessa experiência e a desperdiçam, usando-a como estímulos nos momentos cansados de sua vida, como uma distração, em vez de uma concentração para alcançar pontos mais altos. Os homens converteram até mesmo o ato de comer em uma outra coisa: carência por um lado e excesso por outro obscurecem a clareza dessa necessidade; e igualmente obscurecidas se tornam todas as necessidades profundas e simples nas quais a vida se renova. Mas o indivíduo pode esclarecê-las para si mesmo e viver claramente (senão o indivíduo que é muito dependente, pelo menos o solitário). Ele pode recordar que toda a beleza nos animais e nas plantas é uma forma tranqüila e duradoura de amor e anseio, pode ver que o animal, como vê as plantas, unindo-se paciente e voluntariamente, multiplicando-se e crescendo não por desejo físico nem por dor física, voltando-se para necessidades que são maiores que o desejo e a dor, mais poderosas do que a vontade e a resistência. Ah, que o homem pudesse aceitar humildemente esse segredo, do qual a terra está repleta em suas menores coisas, e o suportasse com seriedade, sentindo como ele é terrivelmente pesado, em vez de tomá-lo de maneira leviana. Que ele tivesse respeito diante de sua própria fecundidade, que é uma só, mesmo parecendo ora espiritual ora corporal; pois também a criação espiritual provém da física, constitui uma mesma essência, apenas uma repetição mais silenciosa, mais cativante e eterna da volúpia corporal. “A idéia de ser um criador, de gerar, de formar” não é nada sem a sua contínua e grandiosa confirmação e realização no mundo, nada sem o consenso mil vezes repetido por parte das coisas e dos animais. E só por isso o seu gozo é tão indescritivelmente belo e rico, porque é feito das recordações herdadas da geração e da gestação de milhões de seres. Em um pensamento criador revivem milhares de noites de amor esquecidas que o preenchem com altivez e elevação. Assim, aqueles que se juntam durante as noites e se entrelaçam em uma volúpia agitada fazem um trabalho sério, reúnem doçuras, profundidade e força para a canção de algum poeta vindouro que surgirá para expressar deleites indizíveis. Eles convocam o futuro; mesmo que errem e se abracem cegamente, o futuro virá apesar de tudo, um novo homem se elevará, e a partir do acaso que parece se realizar aqui desponta a lei pela qual um germe forte e resistente se lança em direção ao óvulo, que vem receptivo ao seu encontro. Não se deixe enganar pelo que é superficial; nas profundezas tudo se torna lei. Os que vivem mal e de modo falso o segredo (e são muitos) o perdem só para si mesmos, e no entanto o transmitem como uma carta fechada, sem saber.
...Talvez os sexos tenham mais afinidade do que se considera, e a grande renovação do mundo talvez venha a consistir no fato de que o homem e a mulher, libertados de todos os sentimentos equivocados e de todas contrariedades, não se procurarão mais como adversários, mas como irmãos e vizinhos, unindo-se como seres humanos para simplesmente suportar juntos, com seriedade e paciência, a difícil sexualidade que foi atribuída a eles.” Cartas a um jovem poeta - Rilke

Comentários

  1. Escrevi, Santiago!

    "Nas profundezas tudo se torna lei." Lei de quem, pelo amor de deus? O mistério tortura.

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