Para uma garotinha muito querida.
Recentemente visitei uma amiga que estava internada no hospital devido a uma complicação na gravidez. Quando nos encontramos começamos a conversar sobre amenidades, antigos causos, rimos um pouco e ficamos por aí. Olhava o rostinho dela abatido, como um "leão sem juba" (nas palavras do maridão coruja) e me despedi, falando bobeiras, uma asneira qualquer, tentando aliviar um pouco aquele clima tenso que transpirava nas entrelinhas. Quando saí do hospital, peguei o metrô e fui navegando pelas estações pensativo, tentando compreender a situação que meus amigos estavam enfrentando. Comecei a sentir um pouco da angústia que lhes invadia, a dúvida e as incertezas que o corpo nos apresenta quando ele não responde conforme os planos. Isso nos coloca diante de um vazio, estamos a mercê do ritmo de nosso sangue e tudo o que podemos fazer é esperar. A Annita está ali, silenciosa, acompanhando a jornada de seus pais, seu sofrimento e ansiedade. O que eu poderia fazer para ajudar ...