Dalí Atomicus - Philippe Halsman
“Na
paciência a alma chega a um acordo com todos os seus possuidores: com a vida do
mundo, na medida em que, sofrendo, se adquire a si mesma em subtração a ele;
com Deus, na medida em que, sofrendo, se recebe a si mesma d´Ele; consigo
mesma, na medida em que ela mesma conserva aquilo que, ao mesmo tempo, dá aos
dois, sem que ninguém possa arrancar: a paciência. À força não pode a
alma obter coisa alguma, pois esta precisamente sob um poder alheio. Se a alma
fosse livre de algum outro modo, não haveria auto-contradição entre exterior e
o interior, o temporal e o eterno. Esta contradição exprime-se aqui, de novo,
no fato de a alma ser, pela sua fraqueza, mais forte que o mundo, no fato de,
pela sua força, ser mais fraca do que Deus, no fato de nada poder adquirir – a
menos que queira ser enganada – senão a si mesma e de só poder adquirir-se a si
mesma por meio do perder.” Pg30 – Kierkegaard
Este
trecho não é a continuação dos três pontinhos, não é o pulo do gato. Mas qual é
o pulo do gato?? Você deve estar se perguntando agora que brincadeira de mau
gosto é essa de colocar essa baita citação sem pé nem cabeça, de anunciar o
“pulo do gato”, e ficar enrolando a resposta...qual é!?
Eu
gosto do Kierkegaard porque ele tem essa mania de falar um monte de coisa sem dizer
nada especificamente. Sinto uma inquietação lendo seus textos, pois a
continuação da leitura não ajuda em nada a compreensão do texto, os argumentos
não são lineares e as imagens evocadas por suas descrições escapam a qualquer
representação. Sem contar a pulga atrás da orelha, aquele sentimento de que “eu
não devo ter entendido direito”.
O
título do texto diz: como adquirir a sua alma na paciência. Começamos a
entender porque o texto é hermético, oblíquo, difícil... o objeto é a alma, a
sua alma. O que a alma é? Se dissermos que é nossa personalidade, o que nos
define enquanto fulano, ciclano, nossas decisões, nossa consciência... Sempre
permanecerá a questão: até onde você é sem ser influenciado por outras coisas?
Quando você toma uma decisão, você decide por algo, gostamos de varias coisas,
pensamos em experiências diversas, precisamos de uma série de coisas para
continuar vivendo, enfim, somos finitos habitando o infinito do mundo. E o
tempo? Pensando nosso tempo, não sumimos ou nos tornamos outras coisas com o
pular do ponteiro do relógio, mas também não duramos para sempre, somos uma
coisa intermediária, nem um nem outro. Tipo o texto do Kierkegaard..rs
Tá,
eu não sei o que é a alma.
...
Agora,
o Kierkegaard disse que a gente pode adquiri-la sendo pacientes! Isso significa
que a gente não precisa fazer nada... só esperar. Sem saber o que se é, podemos
perceber que estamos em um estado paradoxal, num meio termo, e o que acontece
quando você para e espera? Lembro-me de uma historia sobre um grupo de
bombeiros que foram lançados no meio de uma floresta em chamas para ajudar a
combater o incêndio. A operação transcorria bem até a direção do vento mudar e
o fogo ir em direção aos coitados. Todos correm desesperadamente pelas suas
vidas, mas um bombeiro, exausto, decide parar. Nesta fração de segundos ele
toma uma decisão inusitada: ele ateia fogo ao redor de si, e sobrevive.
Desde
que nos sabemos por gente estamos carentes (ou fugindo) de algo, parar isso não
é uma decisão fácil. Esperar por algo que não vemos e enfrentar o perigo de
nunca descobrirmos, ao mesmo tempo em que nos abstemos de agir é algo que temos
muita dificuldade em aceitar.
“...porque
aquilo que deve ser adquirido está na paciência, não escondido nela como se
aquele que, por assim dizer, pacientemente desfolhasse a paciência viesse a
encontrar no seu mais intimo interior, mas antes de forma tal que isso é a
própria paciência, na qual a alma, na paciência, se encasula e, assim, adquire
quer a paciência, quer a si mesma.” Pg. 28
Este
é o pulo do gato.
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Na verdade o pulo do gato não é um pulo... é esperar a hora certa de pular?
ResponderExcluirps.: Da hora essa imagem, hein...
ResponderExcluiragradeça a Pati que emoldurou e pendurou na sala de entrada do ap dela..rs
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