O valor de nossas ausências

Uma nebulosa planetária, objeto formado na fase final da vida de uma estrela do tipo do Sol. (retirado do site www.astro.iag.usp.br)
As vezes, pensamos em torno de ausências.

O que diferencia um sol e um buraco negro? Ambos possuem uma força gravitacional imensa. Poderia dizer que o sol irradia energia e que um buraco negro a suga, para resumir de uma forma leiga. Tudo me parece ser uma discussão em torno de massas e de como essas grandes massas evoluem e interagem. Uma estrela colapsa e, dependendo de sua massa, pode se tornar uma supernova ou um buraco negro.

Sempre aprendi que uma estrela converte massa em energia pela fusão nuclear e que este "consumo" possui um limite além do qual a estrela colapsa, ocasionando a "morte" da estrela. É uma morte linda, diga-se de passagem. A estrela se expande dramaticamente, no caso do nosso querido Sol ele se tornará um gigante vermelho cujo raio alcançará a Terra. Parece que a estrela busca mais massa, algo em sua estrutura se desequilibra e a faz se lançar ao espaço consumindo tudo ao redor. Isso é algo estranho se entendermos a estrela como um ser sem vida, pois essa pulsação é algo muito vital.. coisa espantosa.

Estrelas muito grandes entram em colapso e seu núcleo se torna um buraco negro e só conseguimos estudá-las devido à vizinhança, algumas estrelas possuem irmãs "negras" que as sugam e tingem seu derredor com material estelar... denunciando sua "não presença".

A discussão política no Brasil me soa como ideias circulando em torno de um vazio - o vazio do político. Este vazio não é inofensivo, ele é poderosíssimo e ao mesmo tempo invisível. Este vazio é semelhante ao buraco negro em sua história, pois um "modo de vida" encontrou seu momento de colapso em que sua organização deveria mudar. Dos caminhos possíveis, me parece que a política brasileira optou pelo negativo. Assim, todo um modo de vida colonial escravagista continua presente em sua ausência.

A sociedade de consumo é o humano alcançando seu colapso e exaustão. Somos uma "gigante vermelha" da civilização. Acontece que apenas expectadores em outros mundos, observando nossas vidas, poderão enxergar e fruir nossa bela nebulosa planetária, coisa que para mim ainda é bem angustiante. Essa expansão consumista denuncia uma falta substancial que só pode ser compensada pelo alargamento de suas bordas, de seus bens e posses, ao ponto de um dia não conseguir atravessar a rua, pois os carros não paravam de passar - nunca.

Nossas ideias se reproduzem em torno de ausências afetivas. Estudamos e lemos com uma voracidade incrível para entender o mundo e as pessoas, sendo que estas nunca se apresentaram... nunca disseram oi! Estamos aqui. Desta forma vamos inflando em conhecimento e possibilidades mil se apresentam, junto com quilos de ansiedade e tudo isso é um incremento de nosso único canal de comunicação com o outro...nossas ideias. Acontece que este outro está cada vez mais distante e rarefeito, o que nos impulsiona a jogar mais potência na antena... precisamos achar vida no planeta Terra! Não podemos falhar com pessoas rarefeitas, pois se errarmos elas desaparecerão! Não podemos errar... nunca! Se perdermos esse amigo, namorada, cachorro... como será?

O que eu vou fazer!? Me diga por favor... diz a Gigante Vermelha.

Mal sabe ela que é linda em sua agonia e que sua explosão é contemplada por infinitas testemunhas... não estamos sozinhos. Acontece que precisamos mudar e isso é muito difícil... pode levar bilhões de anos.




    


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O último teste - histórias que nos ajudam a encontrar o caminho

Noé e a metáfora da vida

O retorno da alegria