Fair Play

Ao ler um blog sobre comportamento me deparo com a reclamação de garotas com relação a um novo comportamento masculino: evitar o sexo nos primeiros encontros. Esse comportamento até então atribuído as garotas, agora começa a ganhar terreno entre o público masculino. Estranho não?

Segundo uma amiga, a oferta feminina no mercado está causando esta mudança do comportamento masculino, pois agora os homens têm diante de si uma oferta muito grande de garotas, o que lhe permite certa seletividade e até mesmo fazer um “doce” nos primeiros encontros, o que antes acontecia exclusivamente com as mulheres.

No blog, vários comentários atribuíam esta seletividade a uma efeminação do comportamento masculino. Os homens, submetidos a uma pressão crescente por parte do avanço feminino no campo profissional, político, religioso... estão acuados, pois perderam uma posição de conforto e agora são obrigados a repensar seu lugar nesse mundo de limites esfumaçados, divididos entre o cafajeste e o bom rapaz, o solteiro e o casado, o machão e o sensível.

Eu acredito que esta postura defensiva não se deve exclusivamente ao avanço feminino no cenário social, mas a maneira de como estas transformações vem ocorrendo é o que me chama atenção. Acontece que a antiga divisão de direitos colocava a mulher em um segundo plano dentro da escala de valores, isso de uma forma quase global, o que torna a ascensão feminina um atentado indireto a hegemonia masculina. Esta “ameaça” do avanço feminino gera repercussões como a enxurrada de comentários no referido post atribuindo essa “inversão de valores” a uma “domesticação masculina” fruto da quebra da hegemonia falocêntrica. Concordo que esta “quebra” seja positiva, mas percebo que ela tem se confirmado de maneiras equivocadas de ambos os lados, pois a cada novo comportamento que desponta, logo o enquadramos em um conflito de gêneros e sem perceber desperdiçamos o momento único de reconhecer que estamos inaugurando uma nova estrutura social.

Enfim, esta é uma guerra sem vencedores. Para que sermos inseguros diante do novo? Eu concordo com o Rilke quando ele afirma que aguardava ansioso pelo dia em que homens e mulheres deixariam suas diferenças e se amariam como seres humanos, enfrentando juntos este desafio que significa o amor, afinal amar não é fácil.

Minha mensagem a vocês, mulheres emancipadas: abracem o fair play! Tudo ficará mais fácil.

Comentários

  1. Para os interessados..http://www.casalsemvergonha.com.br/2012/03/07/estaremos-vivendo-uma-inversao-de-papeis/

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  2. Gostei muito, hein...
    Vc e o Rilke têm razão. rs

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